terça-feira, 21 de abril de 2009

Formigas de Deus

Foto: Frederico Figueiredo Cerdeira

Estava o menino a andar de mãos dadas com o pai pela rua deserta, eis que de repente estacou e deu um grito de surpresa:
- Olha ali pai, uma formiguinha de Deus!
O pai olhou para o chão e viu caminhando rente a parede de uma casa abandonada uma formiga daquelas pretas, dez vezes maior que uma formiga comum, mas insignificante perto dele e até do filho pequeno, ainda em fase de crescimento. Sabe-se lá por que de uma hora pra hora o menino passou a chamar tudo de cachorrinho de Deus, minhoquinha de Deus, borboleta de Deus...
Dessa feita, o menino, que tempos atrás gostava de pisar sem dó nem piedade nas formiguinhas diminutas e pagãs, diante da tal formiga de Deus, apenas observou seu trajeto pela trilha invisível, levando uma diminuta folhagem verde até sumir num pequeno buraco na parede...
Pai e filho seguiram seu caminho, de mãos dadas, rumo à escolinha. O homem deixando lá o menino, seguiu pensativo rumo ao trabalho. Curiosamente, vez por outra, ele olhava para o céu, com o olhar vidrado, como se ele fosse também uma formiguinha de Deus...

2 comentários:

Elis Zampieri disse...

Que beleza de conto Zé! Percebeu como você tá ficando bom nisso? Acho que o conto tem essa coisa meio mágica mesmo, de escrever pouco e dizer mais, algo como contemplar uma paisagem cujas dimensões vão além do que os olhos podem alcançar.

Abraço.

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Elis. Bela imagem, muito expressiva. Esse conto foi inspirado numa frase do meu filho Allan, e ai disparou a imaginação. Heheheh, um abração!