quinta-feira, 14 de maio de 2009

Invasores de corpos


Na aurora de minha vida, vi uma luz riscar o céu...
Meu pai disse tratar-se de um cometa, meu irmão, de um disco voador... Nunca esqueci aquela imagem até o dia que na TV assisti a um curioso filme chamado Invasores de Corpos que era uma refilmagem de um clássico da ficção científica intitulado Vampiros de Almas... Na história de ambos, alienígenas chegam ao planeta e tomam conta dos corpos das pessoas...
Naquela noite de inverno, depois de ver o filme, não consegui dormir. Levantei diversas vezes para ver se a porta estava trancada, se as janelas estavam fechadas, se o assobio do vento lá fora não era algum sinal misterioso para a invasão...
Cresci e os filmes passaram a ser tratados tão-somente como tais, fábulas modernas, reinvenções da vida, intertextualidade com o imaginário...
E tudo transcorreu em plena tranquilidade, até o dia que meus pensamentos começaram a não mais me pertencer... Minhas palavras aparecerem disfarçadas nas palavras escritas e faladas de outros... Que tudo que eu pensava, logo alguém estava sendo mais criativo do que eu, reescrevendo minhas ideias doutra forma...
Naquele dia, pude voltar aos tempos de menino, com receio de que os alienígenas estivessem de fato entre nós, invadindo nossos corpos, devassando nossos pensamentos, substituindo nossas ideias pelas suas, sem que a maioria se apercebesse disso...
Tenho medo de um dia abrir um jornal e ver meu clone tomando meu lugar sem que ninguém perceba... Essa invasão possui um código estranho, que é acionada de forma subliminar pela via informatizada e invadirá em breve o mundo inteiro. Basta apertar a tecla "control", associada às teclas C e V...

2 comentários:

Elis Zampieri disse...

Incrível esse texto Zé! Essa analogia que você criou ficou perfeita. E o tema, muito relevante, infelizmente hoje, tudo que é criado é passível de ser copiado e essa é uma prática muito comum, até mesmo entre as pessoas. Com o passar do tempo muitos viram cópias, perdendo sua identidade, sua autencidade e sua originalidade.

Adorei tua escrita.

José Antonio Klaes Roig disse...

Elis, a imagem que ilsutrasse o post é fenomenal. Tudo a ver com o texto. Valorizou-o demais. Essa questão da perda da identidade e da clonagem de corpos e mente é muito sério na internet e fora dela. Brigadão pelo comentário. Um abração, :-)