quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

No País dos Sonhos

Foto: Maria

Ele tinha certeza de que estava vivendo um sonho. Afinal, aquela mulher linda e maravilhosa ao seu redor, só poderia ser fruto de seu subconsciente, seu inconsciente ou algo mais profundo ainda... Como podia a mulher dos seus sonhos viver além dos próprios sonhos? - ele se perguntava a todo instante, se beliscando sem parar.
Era um dia como outro qualquer, mas aquele, para ele, era tudo, menos um dia como outro qualquer... Havia uma felicidade transbordante, e tudo era fruto daquela visão, miragem, sei lá, em forma de mulher ideal.
Tudo era perfeito demais, e ele sabia de antemão que perfeição não existia, além do verbete no dicionário de capa dura e amarelada dos dias que passam sem avisar. Então, se tudo era fruto de um sonho, ele quis viver cada segundo até que o sono viesse, como um infeliz mensageiro, despertá-lo de vez para a vida real.
Mas como era possível estar dentro de um sonho, e ainda ter sono? - pensava-se angustiado. Temia que, mesmo sonhando, ao acordar, enfim, ela nunca mais estivesse ao seu lado. E assim ele fez de tudo para não cochilar. Passearam de mãos dadas pela cidade, vagaram pelas ruas sem destino, até que chegaram a sua casa. Depois de uma noite de amor sem fim, ele, enfim, cansado, pestanejou - as janelas de sua alma, os olhos, se cerraram -, e logo atravessou a fronteira que leva ao País dos Sonhos, mesmo que acreditasse piamente estar vivendo, até aquele momento, tão-somente um sonho bom.
No dia seguinte, quando amanheceu, por incrível que pareça, a mulher dos sonhos continuava na mesma cama deitada, olhando sem ver o teto todo rachado. Mas era o homem que desaparecera sem deixar nenhum sinal...

2 comentários:

Elis Zampieri disse...

A imprevisibilidade deu a graça do conto.
A imagem me disse um pouco do que senti ao terminar a leitura.
Adorei!

José Antonio Klaes Roig disse...

Oi, Elis, Linda imagem mesmo!
Quanto a imprevisibilidade, foi tambpém pra mim um inal inesperado, mas que de todo um estranhamento ao texto.
Brigadão pela ilustração e pela parceria nesse projeto, que poderá servir de modelo a outros educadores, unindo arte , cultra, literatura e educação.
Um abração!