sexta-feira, 20 de abril de 2012

A... manhã

 [Imagem de autoria desconhecida]

E o chuveiro estragou e resolveu deixar o conserto para amanhã.
E o telefone parou de funcionar e decidiu ver isso só amanhã...
E a descarga do sanitário, idem e ib idem...
E as coisas foram se acumulando e sendo deixadas sempre para depois...
E a vida? Pensou, repensou e resolveu deixar também para amanhã...

O Terminal

Créditos da Imagem: Patricia

Pai e filho chegaram juntos naquele pouco utilizado terminal. O velho arquejante, o novo suspirante. O voo marcado, para variar, estava atrasado. E os dois queriam que ele atrasasse mais... Queriam ficar juntos mais um pouco, mais um tempo. Era um dia cinzento. Toda despedida é cinzenta, pensava consigo o primogênito. Logo o chamado inevitável, inadiável... E um último abraço antes do voo longo. O coração de cada um batendo sem jeito, descomPASSADO... Têm coisas na vida que não tem jeito mesmo. Era a hora do embarque. A despedida não poderia ser mais adiada. Pelo portão 7 o pai se foi sem malas nem bagagens, só com a roupa do corpo. pelos vidros, o filho acompanhou a partida, até que o voo sumiu entre as nuvens cinzentas num céu profundo... O pai seguiu seu destino e o filho, sozinho, foi embora do terminal daquele estanho aeroporto iniciado com a letra H... Na hora H, por mais que pensemos estar preparados, quem permanece em terra, por mais paradoxal que seja, é quem fica sem chão... Assim são as coisas nas gentes e as gentes nas coisas da gente: o velho conhecido - o passado - que se vai... E o ilustre desconhecido - o futuro? - que vem nos dar a mão...