quarta-feira, 18 de março de 2009

Lógica de criança


No telefone:
_Filho, como é mesmo o nome do seu dentista? Aquele que ficava perto da escola, o último que te levei... Vou indicar à mãe do Beto.
_ Ah! Aquele que ligou aqui em casa semana passada?
_ Esse. Esse mesmo!
_ Hum... é que ele não falou o nome não. Acho que era o fulano de(n)tal.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sobre Flores e Jardins


(Foto de Maria Fernanda P. Barreira, do Flickr)

Dirijo-me para o canteiro colorido monocromaticamente pelo amarelo das sempre vivas, descansando meus olhos sobres elas.
Quando criança inquietava-me o fato de as sempre vivas não morrerem.
Hoje compreendo. Elas morrem, mas insistem em manter algumas de suas características vivas como a cor, por muito tempo e apesar da textura seca e do pouco viço, confundem-se facilmente com outras espécies vegetais vivas.
Não são portanto, sempre vivas, são mortas-vivas que à exemplo de algumas espécies racionais desistem de si mesmas, abandonam-se, morrem vivos... Perdem o viço, o brilho, a energia, o desejo, o lirismo.
Trabalham, andam, conversam e se comportam como robôs pré programados desprovidos de prazer, euforia ou entusiasmo. Ora, uma obrigação de quem está vivo. Mantêm a estrutura e sofrem de falência interna.
Sempre vivas são flores artificiais. Ao contrário destas, algumas espécies sabem que precisam morrer verdadeiramente infinitas vezes para tornar-se vida. Assim, não retardam esse momento.
No jardim da casa de minha mãe, havia uma flor, chamada onze horas. Durante a maior parte do tempo mantinha-se fechada, parecendo morta. Mas quando o sol atingia o auge de sua intensidade, desabrochava todo seu encanto, perfume e beleza. Morria e renascia um pouco a cada dia.
Acho que quando Deus criou o mundo desejou um grande canteiro de onze horas. Mas no meio delas, assim como ervas daninhas que nascem sem ninguem semear, germinaram sempre vivas. Um dia, talvez elas entendam que precisam assumir a morte, para transcenderem.